Lembro-me da minha formatura com muita saudade. Mais de oitenta colegas recebendo seu diploma e partindo para uma vida nova, diferente, diversa. Caminhos se bifurcaram e novos sonhos nasceram. Alguns foram lecionar aqui, ali, alhures. Outros apenas voltaram para casa. Outros partiram para alguma capital em busca da faculdade. E outros se casaram. A distancia separou amigos que, juntos por alguns anos, ainda trocaram cartas... cada vez mais esparsas... até que se perderam uns dos outros.
E em dezembro, além da formatura, vinha o Natal. Vem o Natal. Meia dúzia de lojas faziam o total das nossas opções. Tecidos para os vestidos e para as camisas dos homens. Sapatos. Presentes. As famílias mais abastadas faziam suas compras em Vitória da Conquista. Outras mandavam vir de São Paulo. E o natal acontecia.
Naquele corre-corre de novembro também apareciam na feira os primeiros pequis. E os “roedores” se animavam, antecipando a degustação daquele arroz com cheirinho de delícia!
E na pequenina Caetité, tudo tinha sabor de fim de ano, e fim de ano é época de férias e alegria! De visitar parentes e receber parentes. De viajar. De dormir tarde e acordar cedo. De preguiça!
O tempo passou. Tudo mudou e a gente nem sabe mais o nome do colega que se sentava ao nosso lado. Nem se lembra mais como era o processo do somatório de pontos para ser aprovado na escola. A gente já se esqueceu de muitas coisas... mas nunca do quanto fomos felizes naquelas ruas de paralelepípedos, naquele jardim que tinha passeio, bancos, namoros, amigos, paqueras... menos jardim! Daquela praça aladeirada com uma igreja no meio. De passear de carro no final da tarde, fazendo o circuito: “sobe Avenida, desce Barão, contorna a Praça e dá uma chegadinha no Mulungu”, como dizia minha amiga Tania Silveira.
A gente nunca vai se esquecer do sino da Catedral, da missa das nove aos domingos, das festas no Baraúna, das tangerinas da feira, da rapadura quente nos engenhos, dos doces do “Gostosão”, do café com bolo frito e chimango, do gosto dos pequis, do sabor do doce de buriti, do requeijão quente, do pão com manteiga de garrafa, das mangas e laranjas do Periperi, dos santinhos do Padre Osvaldo, das cantinas de Veneranda e Isolina, dos doidos, de “Bença Vô”, das Rurais de Fiim e Lelinho... de Caetité!
LUSMAR OLIVEIRA – [email protected] – WhatsApp: 71 99503115
20/01
carlos henrique