• Caetité, pequenina e ilustre – Por Luzmar Oliveira

    31/10/2014 - 20:25


    CAETITÉ

    Velhos Novembros de Caetité

     

    O mês de novembro chegou. Amanhã é dia de Todos os Santos, dia da Bahia...

    Depois é dia de finados. O mulungu sem calçamento, a gente subia a ladeira do cemitério para visitar os túmulos dos parentes mortos. Na volta, após descer correndo e levantando poeira, chegávamos a nossa casa e íamos direto para o banho. Era crença que trazíamos no corpo, após visita ao cemitério, a energia dos mortos. E a água lavava tudo. E a água lava mesmo. É fato.

     

    Mês de finados, mês das últimas provas mensais no IEAT. E últimas chances de passar por média. Cara no livro, nervosismo, medo de tomar pau. Na cidade que concentrava maior número de estudantes da região, tudo era emoção! Pois também era antevéspera de férias. E, melhor ainda, para os que concluíam o Curso Normal, era o preparativo da formatura.

     

    Marcava-se a missa na Igreja Católica e o Culto na Presbiteriana. A festa no Clube. E a colação de grau no auditório do IEAT. Faziam-se os convites e as roupas novas para a família inteira! Parentes vinham de longe para participar do evento. E tudo era alegria!

     

    Lembro-me da minha formatura com muita saudade. Mais de oitenta colegas recebendo seu diploma e partindo para uma vida nova, diferente, diversa. Caminhos se bifurcaram e novos sonhos nasceram. Alguns foram lecionar aqui, ali, alhures. Outros apenas voltaram para casa. Outros partiram para alguma capital em busca da faculdade. E outros se casaram. A distancia separou amigos que, juntos por alguns anos, ainda trocaram cartas... cada vez mais esparsas... até que se perderam uns dos outros.

     

    E em dezembro, além da formatura, vinha o Natal. Vem o Natal. Meia dúzia de lojas faziam o total das nossas opções. Tecidos para os vestidos e para as camisas dos homens. Sapatos. Presentes. As famílias mais abastadas faziam suas compras em Vitória da Conquista. Outras mandavam vir de São Paulo. E o natal acontecia.

     

    Naquele corre-corre de novembro também apareciam na feira os primeiros pequis. E os “roedores” se animavam, antecipando a degustação daquele arroz com cheirinho de delícia!

     

    E na pequenina Caetité, tudo tinha sabor de fim de ano, e fim de ano é época de férias e alegria! De visitar parentes e receber parentes. De viajar. De dormir tarde e acordar cedo. De preguiça!

     

    O tempo passou. Tudo mudou e a gente nem sabe mais o nome do colega que se sentava ao nosso lado. Nem se lembra mais como era o processo do somatório de pontos para ser aprovado na escola. A gente já se esqueceu de muitas coisas... mas nunca do quanto fomos felizes naquelas ruas de paralelepípedos, naquele jardim que tinha passeio, bancos, namoros, amigos, paqueras... menos jardim! Daquela praça aladeirada com uma igreja no meio. De passear de carro no final da tarde, fazendo o circuito: “sobe Avenida, desce Barão, contorna a Praça e dá uma chegadinha no Mulungu”, como dizia minha amiga Tania Silveira.

     

    A gente nunca vai se esquecer do sino da Catedral, da missa das nove aos domingos, das festas no Baraúna, das tangerinas da feira, da rapadura quente nos engenhos, dos doces do “Gostosão”, do café com bolo frito e chimango, do gosto dos pequis, do sabor do doce de buriti, do requeijão quente, do pão com manteiga de garrafa, das mangas e laranjas do Periperi, dos santinhos do Padre Osvaldo, das cantinas de Veneranda e Isolina, dos doidos, de “Bença Vô”, das Rurais de Fiim e Lelinho... de Caetité!

     

    LUSMAR OLIVEIRA – [email protected] – WhatsApp: 71 99503115

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