• Caetité, pequenina mas ilustre – Por Luzmar Oliveira

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    28/05/2014 - 14:53


    CAETITÉ

    Observatório Meteorológico de Caetité

     

    Durante o império de D. Pedro II um projeto visava a construção de Observatórios Meteorológicos em várias regiões do Brasil facilitando, assim, o registro das alterações climáticas.

     

    Caetité foi contemplada com uma Unidade que só foi instalada em 1908, já no período da república.

     

    O prédio foi construído com torre dupla, em um morro com a altitude de 90 metros acima da Praça da Catedral de Santana. Dispunha de telescópio, barômetro, barógrafo, termógrafo, heliógrafo, pluviômetro e cata vento. E tinha como objetivo observar as alterações do clima do Alto Sertão baiano. Com o passar do tempo a torre superior foi desativada e demolida.

     

    O prédio dispunha de acomodações para o funcionário que o operava os instrumentos e sua família, sendo que o  primeiro foi o descendente de alemão Bernardo Ohlsen que ali residiu com sua mulher Ema. Ele veio de Santa Catarina para se encarregar da Estação como funcionário do Ministério da Agricultura, órgão criador e mantenedor da mesma. Com o passar do tempo a parte superior da torre do edifício foi demolida.

     

    Até década de 60 o observatório ainda funcionava, embora precariamente, fazendo os funcionários as leituras e mantendo os equipamentos em funcionamento.

     

    Hoje o mesmo encontra-se desativado e necessitando de reforma urgente. Ao seu redor nasceram ruas e praças e formou-se, assim, o bairro do Observatório, com acesso de veículos e total urbanização.

     

    Na sua proximidade havia uma fonte de água cristalina quase gelada e as donas de casa costumavam mandar encher seus potes com aquele líquido abençoado. A “água do lajedo” como era chamada, era mais um ingrediente da beleza e bem estar da nossa cidade.

     

    Há ali também um despenhadeiro de onde se tem uma visão privilegiada de parte da cidade. Os jovens das décadas de 50 a 70 costumavam freqüentar o local para passeios e tirar fotografias. E sempre que recebíamos visitas de pessoas de outras cidades, as levávamos para conhecer o recanto paradisíaco que acabou criando fama, pois, além da beleza física, o ar puro da montanha, a natureza ainda selvagem e rupestre, emprestava ainda mais encantamento ao lugar. Enfim, ali encontrávamos uma fauna e flora bem ricas e a sensação inimitável de liberdade, por estarmos observando o nosso dia a dia lá embaixo.

     

    Também os enamorados curtiam aquele lugar encantado. Era romântico, simples, bucólico. Flores do campo, pequenos arvoredos, pássaros e borboletas voando e o vento ciciando em nossos ouvidos. Uma paixão que tomava conta dos estudantes e mestres. Das crianças e adultos. Dos velhos e dos jovens. Um lugar onde se buscava a paz e a beleza. E um belíssimo cartão postal da Cidade Cultura.

     

    Quem viveu em Caetité nas primeiras décadas da segunda metade do século vinte há de se lembrar com saudades daquele lugar. Há de contar histórias e “causos”. E também se lamentar pela sua total decadência e abandono. Um monumento ao progresso da cidade de Anísio Teixeira, um motivo de orgulho para os seus cidadãos, hoje apenas uma velha casa em ruínas.

     

    Mas a esperança é a última que morre. Há um grupo de filhos daquela cidade que está se unindo e buscando a ajuda dos órgãos competentes para recuperar, não só o Observatório, como outros prédios igualmente falidos e arrasados. Vamos ter fé e confiar, pois o amor dos teus filhos, Caetité, há de trazer de volta pelo menos uma parte do teu “passado de glória que nos faz orgulhar, teu valor proclamar”, como tão sabiamente escreveu nossa querida mestra Emiliana Nogueira Pita.

     

    Somos filhos de uma cidade que traz em seu percurso histórias de pessoas e de momentos importantes. Uma terra que tem seu brilho próprio, sendo uma estrela de primeira grandeza no Sertão Produtivo da Bahia! E isso faz de todos nós responsáveis pela manutenção do que há e pelo resgate do que está desfalecendo. E unidos conseguiremos ultrapassar as barreiras e reconstruir os muros derrubados e recuperar os que se abalaram com as intempéries humanas e temporais.

    Luzmar Oliveira

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