• Entenda a crise envolvendo o senador Demóstenes Torres

    30/03/2012 - 00:00


    POLÍTICA

    O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) utilizou seu mandato para beneficiar o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, por exploração de jogos ilegais em Goiás. De acordo com gravações feitas pela Polícia Federal divulgadas no dia 30 de março pelo jornal O Globo, o senador acertou com o empresário uma ajuda em processo judicial e em projeto de legalização de jogos de azar em tramitação no Congresso.

    "Fala, Professor. Acabei de chegar lá do desembargador. O homem disse que vai olhar o negócio e tal", diz Demóstenes a Cachoeira, que pergunta se o julgamento será rápido. "Vai julgar rápido. Mandou pegar o papel, já pegou o... negócio lá. Diz que vai fazer o mais rápido possível", responde o senador.

    No dia 29 de março, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a quebra do sigilo bancário do senador e de outros investigados por suspeita de envolvimento com o empresário. A decisão do STF ocorreu após o procurador-geral da República pedir a abertura de um inquérito para investigar o senador.

    No final de fevereiro, Cachoeira foi preso em uma operação da Polícia Federal por liderar uma suposta quadrilha especializada em explorar máquinas caça-níqueis. Ele foi um dos protagonistas do primeiro escândalo político que marcou o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o caso Waldomiro Diniz.

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    Sofrendo pressão dos colegas, Demóstenes entregou, neste mesmo dia, o cargo de líder do DEM no Senado e corre o risco de ser expulso da legenda.

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    Como a crise começou?

    A crise envolvendo o senador Demóstenes Torres começou com a deflagração da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que, no final de fevereiro, prendeu Carlinhos Cachoeira, acusado de chefiar uma quadrilha especializada em explorar máquinas caça-níqueis.

    Pela Operação, Demóstenes foi flagrado, em escutas telefônicas, em mais de 300 ligações com Cachoeira, levantando suspeitas de trocas de favor com o bicheiro. Amigos pessoais, Cachoeira e Demóstenes costumavam jantar juntos.

    Quais foram as revelações desde então?

    A Polícia Federal investiga a participação de Demóstenes Torres em negociatas com Cachoeira. Em relatório, o Ministério Público aponta que o grupo comandado por Cachoeira entregou telefones antigrampos para políticos, entre eles, Demóstenes Torres, que admitiu ter recebido o aparelho.

    Demóstenes também teria ganhado um fogão e uma geladeira importados de Cachoeira. Quanto a isso, o senador afirmara que se tratava de um presente do seu segundo casamento, e que não convinha recusar nem perguntar o preço.

    Segundo reportagem do jornal O Globo, um relatório com escutas telefônicas enviado três anos antes da deflagração da Operação Monte Carlo à Procuradoria-Geral da República mostrou, por exemplo, o senador pedindo dinheiro ao empresário para bancar uma viagem de táxi aéreo no valor de R$ 3 mil.

    Em outras gravações, segundo este relatório, os investigadores afirmam que o senador deu informações relevantes sobre reuniões que teve no Legislativo, Judiciário e Executivo.

    Em 28 de março, outros grampos foram revelados, complicando a situação do senador. Neles, Cachoeira conversa com integrantes de seu grupo e, durante cinco minutos de ligação, o nome de Demóstenes é citado seis vezes e é relacionado a quantias de dinheiro.

    Em 30 de março, o jornal O Globo publicou novos grampos em que o senador é flagrado negociando com Cachoeira ajuda judicial e na tramitação do projeto de legalização de jogos de azar.

    Quais as consequências das denúncias até o momento?

    No dia 27 de março, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para investigar Demóstenes e outros parlamentares.

    Pouco antes, neste mesmo dia, Demóstenes entregou a liderança do DEM no Senado ao presidente da legenda, Agripino Maia, que agora acumula as duas funções. Maia estuda a expulsão do senador do partido.

    Ele pode enfrentar também um processo por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética do Senado.

    Fonte: IG

    JJS

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