• Caetité, pequenina e ilustre – Por Luzmar Oliveira

    26/04/2015 - 23:15


    CAETITÉ

    Caetité é amor

     

    Meu amigo Zé Barreira, o atual prefeito da nossa Caetité, costuma me dizer que se admira do quanto sou apaixonada por aquela terra. Realmente eu a amo muito. Adoro aquela cidade plantada entre serras, com clima ameno e gente boa demais. Tão boa que, mesmo não tendo nascido ali, a adotou pelo resto da sua passagem terrena. E fala dela como se realmente fosse caetiteense de nascimento. Até parece que Deus plantou Seu umbigo naquelas plagas, tal o carisma que a caracteriza e torna encantadora.

     

    Recentemente Glorinha, que nasceu em Riacho de Santana e estudou e trabalhou em Caetité, criou um grupo no “Zap zap” com o nome de “Amigos de Caetité”. Um monte de mulheres e apenas um homem, nosso querido Dão. Mas é tanto amor que se derrama ali, que me deixa boba, babando. São mensagens carinhosas e, se acaso surge um vídeo com fotos da terrinha, “saudades” é o nome mais comentado. E enlevados por esse sentimento, todos sonham em fazer uma grande visita ao lugar durante a famosa e esplêndida Festa de Santana. Reencontrar amigos, lugares, raízes. Matar saudades. Se deliciar com suas guloseimas características. Respirar seu ar e pisar seu chão. Ser feliz como antigamente. Caetité é amor. Não tenho dúvidas. “Amor que nunca morre” como diria Quintana, pois é amor amigo. Eterno. 

    Somos, nós seus filhos desterrados, capazes de, olhos fechados, descrever uma por uma das suas antigas ruas e ladeiras. Pormenorizar detalhes que seus atuais habitantes já não se lembram ou nunca conheceram. Mencionar nomes de pessoas e seus traços com precisão. Seus doidos, seus padres, seus médicos, seus feirantes, seus comerciantes... Seus professores!

     

    Lembramo-nos de todos os carros que circulavam subindo a Avenida Santana, descendo a Barão, circulando a Praça e descendo para uma volta no Mulungu.

     

    Experimentamos a comida do vizinho, seus bolos... e até as frutas do seu quintal. Por falar nisso, as melhores mangas eram as que “furtávamos galhofadamente” do quintal do vizinho! Ah! Que doce sabor do proibido! Quanta inocência! Quanta pureza em nossos “pecadilhos” maravilhosos! Por mais que tivéssemos os próprios pomares, nada superava o perigo de sermos apanhados no alheio. E do alto daquelas árvores éramos muito mais livres que qualquer pássaro, qualquer avião. Gargalhávamos com a alma e o útero! Era só felicidade!

     

    Mesmo em época de provas, mesmo com medo da segunda época ou da reprovação, encontrávamos tempo para nos divertir com passeios às fazendas próximas e temperarmos nossa alegria com o mel dos engenhos, o banho de rio no Pirajá ou na Passagem da Pedra. Para um bailinho em casa de amigos. Para um passeio pela feira onde as tangerinas nos esperavam com seu cheiro e sabor inconfundíveis!

     

    Somos filhos de um tempo em que não havia redes sociais. Aliás, nem sabíamos que um dia haveria computadores, muito menos celulares. Nossa comunicação era ao vivo e em cores. Era corpo a corpo. Com calor humano, com aconchego. Fazendo cócegas, cochichando, dando beliscões. Subindo e descendo aquelas ruas ensolaradas ou enluaradas. Curtindo nossa família e os amigos. Obedecendo aos nossos pais, mas sempre criando ocasiões para “aprontarmos” mais alguma! Vivendo! Vivendo tudo e mais um bocadinho. Interagir nos grupos era estar presente, pisar o mesmo chão, sentar no mesmo banco da praça. Era ser e ter companhia! Não conhecíamos a solidão, pois éramos presença física também.

     

    Em Caetité as amigas passeavam de braços dados. Dividiam os sorvete, o picolé,  pipoca. O lanche. Dividiam a amizade. Emprestavam o caderno de matemática, de biologia, de português. O que sabia mais ensinava o que sabia menos. Nós éramos cúmplices nas aprontações, mas também nas dificuldades. É a isso que eu chamo amizade. E ela era tão verdadeira que sobreviveu a tantos anos e até hoje nos reunimos, nos encontramos e temos mil assuntos a conversar. Somos realmente remanescentes de uma época em que havia amizade verdadeira. Somos o que chamo carinhosamente de “amigos de vida toda”!

     

    Porque Caetité é amor. E nos ensinou esse amor. Amor que se escreve com apenas quatro letrinhas, mas que enche a boca para ser pronunciado! Amor pela Vila Nova do Príncipe, por Santana, pela cidade, pelas ladeiras, por tudo que foi, que é e que um dia será!

     

    Caetité é amor. Amor de filhos desterrados, amor de filhos adotados, amor de filhos que nunca a abandonaram. Amor! Apenas amor!

    Luzmar Oliveira – [email protected]  – WhatsApp: 71 – 99503115  e 87247161.

    http:// facebook.com/luzmar.oliveira1

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